O cientista britânico Mark Gasson, da Universidade de Reading, contaminou um chip de computador que foi implantado na sua mão.
Gasson demonstrou em experiências que o chip tem a capacidade de passar o vírus de computador para sistemas de controlo externos.
Se outros chips implantados fossem então ligados ao sistema estes também ficariam corrompidos, segundo o cientista.
Gasson admite que o teste apenas prova um princípio, mas acredita que existam implicações importantes para um futuro em que aparelhos médicos, como bypass e implantes cocleares (dispositivos electrónicos que ajudam a proporcionar uma sensação de som para pessoas surdas) tornar-se-ão mais sofisticados e correrão o risco de ser contaminados por outros implantes humanos.
«Com os benefícios deste tipo de tecnologia vêm os riscos. Nós podemos melhorar de alguma forma, mas assim como as melhorias de outras tecnologias, como os telemóveis, por exemplo, estes tornam-se vulneráveis a riscos, como problemas de segurança e vírus de computador», afirmou Gasson.
O cientista prevê que no futuro vá ser feito maior uso da tecnologia implantada.
Este tipo de tecnologia passou a ser comercializado nos Estados Unidos como um tipo de bracelete de alerta médico, para fazer o rastreio do historial médico no caso de se ser encontrado inconsciente.
O professor Rafael Capurro, do Instituto de Ética da Informação Steinbeis-Transfer, na Alemanha, disse à BBC News que a pesquisa é «interessante».
«Se alguém for capaz de obter acesso online ao seu implante pode ser algo sério», disse.
Capurro contribuiu para um estudo para a Comissão Europeia em 2005 que analisou o desenvolvimento de implantes digitais e o possível abuso destes.
«De um ponto de vista ético, a vigilância de implantes pode ser positiva e negativa», afirmou.
«A vigilância pode ser parte do tratamento médico, mas se alguém quiser prejudicar pode ser um problema.» Além disso, afirmou Capurro, deve haver cautela se implantes com capacidade de vigilância começassem a ser utilizados fora do campo médico.
Porém, Gasson acredita que vai haver uma procura por estas aplicações não-fundamentais, assim como as pessoas pagam por cirurgias plásticas.
«Se encontrar-mos uma forma de melhorar a memória ou o QI de alguém, então há uma possibilidade real de que as pessoas resolvam ter este tipo de procedimento invasivo.»